domingo, 28 de abril de 2013

Soneto do Deus Caído

 
 
 
Vago triste por esse paraíso,
Perfeito e esmorecido como
A depressão do jovem humano,
Falha, é disso que eu preciso.

Abandonar essa perfeição e
Correr pelos campos da ignomínia,
Falhar, errar, pecar principalmente,
Mesmo parecendo esquizofrenia

Largar esse tão perfeito teísmo
E avançar impetuosamente
À essa mortalidade de gente
 

Deixar os que me seguem e amam
Seguir, amar pela primeira vez e
Afligir beatas que por mim oram

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Erínias

Hoje meu coração dispara em um frenesi psicótico.
Uma taquicardia mortal que impede de cobrir-me sob o cobertor de Hypnos

Me sinto possuído pelas Erínias
Mas não sei o por que
Por algum motivo essa fúria cresce em meu interior
Logra do meu estômago ao meu coração e depois à minha cabeça
Galga velozmente pela minha psiquê insana
Em um ímpeto tempestuoso frenético e constante

Minha rotina continua a mesma
As mesmas manias, o mesmo trabalho, as mesmas fainas
O mesmo sorriso, a mesma guisa

Mas a raiva está lá,
Só eu sei da sua existência,
Só não sei a causa,
Não me lembro de nenhum acontecimento
Que a tenha rudimentado
Ou a feito medrar

Mas ela está lá.
Crescendo...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Beija Flores

 
 
Passam rápido e intensamente por nossas vidas
As vezes dilaceram nossos corações
E logo encontram outra flor em sua idade em flor para distrair
Enquanto vago a chorar minhas próprias mágoas.
Não deveria ter feito algumas coisas, hoje sei
É aprendizado, portanto doloroso
Mais nem tanto
Outros beija-flores virão e, sem pétalas, me deixarão aos prantos .



Pequeno poema escrito por uma moça bonita que não quer se identificar, mas que me deixou publicar aqui.

domingo, 25 de novembro de 2012

Memórias de um Camaro

   A noite escura se expande durante a madrugada, uma leve neblina paira sobre as ruas vazias da grande metrópole. Enquanto caminho sem rumo, entorpecido por drogas pesadas, o vento frio uiva entre os prédios e corre para todos os lados, das ruas aos becos escuros entupidos de "nóias", todos com uma aparência decrépita, vagando como zumbis em busca de algumas pedras de crack....
   A noite sempre é fria quando não se tem um teto para dormir...
   Vago pela calçada enquanto olho para os becos e vejo pessoas, algumas de sexo indefinido, raquíticas, dormindo ou no coma profundo dos entorpecentes, o frio é congelante e o vento forte diminui ainda mais a sensação térmica. Enquanto caminho perdido na minha deslucidez, divago sobre minha vida de antes e depois, lembro dos momentos felizes, das festas, dos amigos, das bebidas, do barulho do motor do meu carro que eu tanto amava, de como minha vida que era vazia, se preencheu de uma hora para outra e, da mesma maneira, se esvaziou novamente.
   Lembro-me de quando vivia naquele minúsculo apartamento no condomínio residencial mais tosco da cidade, estava sempre sem dinheiro, vivia de alguns bicos que fazia por aí, não gostava muito de trabalhar e nem completei o 2° grau, talvez por conta disso não me firmava em nenhum emprego. Tudo o que me interessava é ter um dinheirinho pro final de semana, sair com os amigos, beber até cair, e voltar para casa com minha moto, dirigindo perigosamente pelas ruas, é um mistério eu nunca ter me envolvido em algum acidente.
   Essa época era horrível, sentia que algo faltava em minha vida, sentia que era vazia, talvez o amor daquela mulher, aquela que eu sempre encontrava onde ia, ficava horas a olhando, encantado, mas ela nem me olhava, as vezes dava a impressão de que ela fazia de tudo pra eu a perceber, mas nem sequer me olhava.
   Quando de repente tudo mudou, meu pai que a muito não via, havia falecido, quase nunca falei com ele, só sabia que era rico e que não queria nada comigo. Por ser meu pai, fingi estar triste, fingi algum remorso pelo tempo perdido, pela possibilidade de ter tido um pai algum dia...apenas fingi.
   Por dentro, o que passava pela minha cabeça era a minha herança, me sentia mal por isso, mas não conseguia deixar de pensar em todo aquele dinheiro que o velho me deixou, o quanto minha vida vai melhorar daqui pra frente.
   Passaram-se alguns meses, tudo tinha mudado, vivia em uma mansão, fazia festas quase todos dias, eram festas transcendentais, orgias, mulheres, luxo, vez ou outra aparecia algum jogador de futebol famoso, Neymar era meu amigo de infância. Apesar de tudo, nada alegrava mais meu dia que meu amado carro, até onde me lembro, foi a primeira coisa que comprei com meu dinheiro, pagamento a vista, acho que custou uns R$500.000,00, era um Camaro, igual a aquele do Transformers, pegava qualquer mulher com ele.
   Não me preocupava nenhum pouco com o porvir, tudo no que pensava era em gastar aquele dinheiro infinito, até a moça por quem eu era apaixonado me quis, mas agora eu não era mais aquele pobretão de antes, conseguia qualquer mulher que quisesse, por que perder tempo com aquela periguete?
   Minha vida não era mais vazia, pelo menos era o que eu pensava, apesar de tudo, ainda havia algo faltando, só não sabia o que era, então eu gastava mais e mais, festejava e me embriagava ainda mais, talvez na procura do que estava faltando, não sei.
   É claro que um dia o dinheiro acabaria, eu não trabalhava, nunca estudei, não sabia investir, só sabia gastar e foi o que fiz, gastei até o último centavo. De repente os amigos foram sumindo, as garotas, não me queriam mais, até o Neymar me abandonou, tive que ir me desfazendo de minhas coisas, minha mansão, móveis, tudo. A cada coisa que levavam era como se um pedaço de meu coração fosse arrancado, o que mais me afetou com certeza foi quando tive de vender meu Camaro, aquele carro era parte de mim, era como um filho, era um amigo, o que melhor me compreendia, foi o fim de tudo.
   A bebida já não era o suficiente, eu precisava me entorpecer ou me embriagar, da maneira mais forte e barata possível, minha vida ja estava no fundo do poço, aquele vazio que eu sentia antes, agora era muito pior, nada mais fazia sentido, a priori de minhas preocupações agora era ficar louco, transcender deste mundo, abandonar todas as coisas que aconteciam comigo, o fim chegou rápido.
   Já não tenho mais nada, vivo nas ruas vagando sem rumo, entoxicado, me sentindo um lixo, tentando esquecer meu passado glorioso que agora me assombra como fantasmas, iguais aos que assombravam o dr. Scrooge de "O Natal do Avarento".
   E aquela mulher que nem me olhava? Fazia de tudo pra me perceber, mas nem me olhava? O que aconteceu com ela, por que ainda penso nela?  
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Os Vigilantes

   O ano era de 2056, o caos tomava conta da grande cidade de Santana que gritava por socorro em cada beco e viela escura e fétida.
   A algum tempo atrás, a cidade era mais calma e segura, mas graças as várias industrias que se mudaram para cá em busca de impostos reduzidos e mão de obra barata propagada pelo prefeito com a intenção de enriquecer a cidade, Santana se tornou uma metrópole, mas com isso vieram os problemas. Traficantes espalham vícios e loucura entre os jovens que entorpecidos se tornam zumbis capazes de tudo para manterem-se desvairados pelo tóxico, bandidos, assassinos, assaltantes, cafetões e prostitutas sujam as ruas, estupradores se esgueiram entre os becos escuros atrás de jovens perdidas, policiais corruptos esperam em suas viaturas pelo arrego, e a noite se mantém a cada semana mais escura e perigosa.
   Na TV é anunciada a greve dos policiais, mesmo os corruptos não tinham condições de se manterem vivos, não com aquele salário, não com aquele equipamento ou com o treinamento rídiculo. É claro que greve entre militares é crime e eles deveriam ser presos por isso, mas quem vai prende-los? A policia?
   Alexandre é um policial aposentado que agora trabalha como segurança em uma das várias industrias que enriquecem a cidade, todos os dias ao fim de seu turno, ele pega dois ônibus para chegar em casa e ainda tem um percurso de 20 minutos a pé. Enquanto espera no ponto de ônibus para voltar pra casa, nota que sempre tem as mesmas prostituas velhas que imploram por sexo a qualquer um que passe por elas, dentro do ônibus, jovens se entorpecem e praticam atos libidinosos sem nenhum pudor, nas ruas mendigos vagam sem rumo entre as calçadas sujas.
   Alexandre vê tudo isso com desgosto, lembra dos velhos tempos de quando era policial, lembra dos criminosos que prendeu e de como era dedicado a combater o crime, apesar de ter orgulho da policia, era contra a greve dos policiais, "eles sabiam do risco quando se alistaram para a policia, as pessoas precisam deles" era o que Alexandre pensava, mas seus anos de apogeu acabaram e agora só lhe resta balbuciar para si mesmo sobre o rumo em que as coisas tomaram.
   Em uma noite qualquer, durante o turno de Alexandre, que ficava o dia inteiro na portaria da empresa apenas abrindo e fechando cancelas, verificando credenciais, entre outros trabalhos entediantes.
   Pesquisas secretas eram feitas no interior da indústria, era uma fábrica de remédios, mas que tinha apoio do governo para pesquisas mais perigosas, com o fim de criar algum medicamento poderoso capaz de curar qualquer doença e aumentar a expectativa de vida das pessoas, o problema é que escondiam o fato de usar reagente ilegais na fabricação.
  Ocorreu um pequeno vazamento de um gás superconcentrado enquanto Alexandre estava em seu  posto, os funcionários foram liberados mais cedo, Alexandre foi embora pra casa, não demonstrava contentamento por sair mais cedo daquele trabalho chato, ele não tinha pressa pra voltar para seu solitário e desarrumado lar, olhar a foto de sua filha que não vê a anos, desde que se divorciou de sua esposa, e tentar dormir em vão durante horas, enquanto pesadelos assombram sua mente.
   No dia seguinte, ele recebeu uma ligação, a industria havia sido fechada, todos os empregados dispensados do dia pra noite, em sua conta foi depositado todo o dinheiro que lhe era devido, por conta da demissão, agora só resta a Alexandre ir em busca de um novo emprego, somente a aposentadoria de policial não era o suficiente para sustentá-lo e pagar a pensão. Mas por hora é melhor aproveitar o dia de folga para se embriagar com aquele velho Whisky barato guardado na geladeira e tragar aquele cigarro paraguaio comprado aos montes, enquanto divaga sobre o quão miserável e deprimente é a sua vida, nem passa em sua cabeça o por quê do fechamento da industria, nenhuma teoria da conspiração, nenhum lamento pela perda do emprego, nada, apenas as formas estranhas, que a espessa fumaça assoprada por sua boca, assume.
   Algo estranho acontece, o Whisky não o embriaga, não importa o quanto Alexandre beba daquela bebida amarga, nem o quão rápido ele bebe, não surge o efeito desejado, enraivecido, ele lança a garrafa contra a parede e mesmo sendo vidro causa uma rachadura enorme no concreto, curioso, Alexandre se aproxima da parede e olha atentamente, após alguns segundos, percebe que está descalço sobre cacos de vidro e seu pé está intacto.
  De repente, ouve gritos no corredor do prédio onde ele mora, ao sair de seu apartamento, se depara com um homem encapuzado com uma faca na mão, estuprando uma mulher, rapidamente, Alexandre investiu contra o homem, dando-lhe um soco na face, a mulher corre sem nem olhar pra trás.



Continua .....

sábado, 6 de outubro de 2012

O Palhaço Pagliare

 
 Fazia um frio congelante nas ruas de Londres, a neblina pairava sobre as pessoas e carros que corriam em uma vem e vão frenético e infinito, nas paredes e postes do grande centro da cidade, encontram-se pregado vários cartazes sobre um circo francês e seu famoso Palhaço Pagliare, conhecido no mundo todo por seus espetáculos de comédia que agradam pessoas de todas as idades e de qualquer parte do mundo.
   Era uma tarde de sexta, as pessoas iam para o trabalho com aquele alívio de ser o último dia útil da semana, ao menos para a maioria delas. Entre os grandes prédios residencias da rua Sloane CT W, próximo a Turk's Row localizava-se um pequeno escritório de psiquiatria e psicologia cujo o nome foi inspirado na rua em que se localiza, talvez por uma questão de marketing, para facilitar a quem o procura.
   Um cliente chega para a consulta, ele diz seu nome para a atendente, que o pede para esperar enquanto o doutor ainda está com outro paciente. Aquele homem era pequeno, aproximadamente 1,67 m de altura, magro, tinha um semblante triste e deprimente, usava um casaco longo de couro que o protegia do frio extremo de Londres, tinha um bigode engraçado, daqueles que eram usados nos anos 40, que enrolavam nas pontas, e possuía um sotaque estranho, talvez francês ou italiano.
   Não demorou muito para que o doutor chamasse o pequeno e estranho homem, ele entrou no escritório, sentou-se no divã e fitou um quadro de Van Gogh que decorava o escritório durante alguns segundos.
   -Conte-me, o que assola sua mente? - Disse o psicólogo
   O paciente ficou alguns segundos calado, imóvel, depois, fechou os olhos, respirou lentamente e disse:
   -Nada mais me alegra, não consigo mais rir, não sinto graça em nada. - Disse o homem deitado no divã com uma expressão ainda mais triste, e com os olhos cheios de lágrima, como se estivesse segurando o choro.
   -Já sei o seu problema, parece cansado, estressado, você precisa se divertir, tem um show com o palhaço Pagliare, ele é famoso, eu já fui e é muito engraçado, sei que você vai gostar, com certeza vai te fazer melhor - Disse o médico com um tom forte e certo, passando confiança.
   O paciente olhou para o psicólogo com uma cara de espanto, se manteve o encarando por algum tempo, imóvel, lágrimas começaram a cair de seus olhos, após alguns segundos, ele se virou novamente, voltou a fitar o quadro  e disse:
   -M-mas d-outor, e-e-eu sou o palhaço Pagliare!
 
   Rufaram os tambores, a platéia riu e fecharam-se as cortinas






PS: Eu tava escrevendo um outro texto, mas ele tava ficando mto grande, então resolvi colocar essa versão minha de uma "piada" que eu li em Watchman enquanto eu ainda decido se continuo ou não...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dor por não sofrer

Ando desligado, desatento, solitário
Sem graça, apático e monótomo
Não importa o que faço,
Não consigo mudar minha realidade

Nem os bares me satisfazem,
Nem a bebida ou drogas são suficientes
Para turvar minha mente,
Me tirar da realidade,
E quebrar minha rotina.

Preciso de amor
Uma droga mortal, que nos faz sofrer
Mas que me envergonho em dizer
Que nunca experimentei.

Ja tentei as vezes, na verdade até já amei
Mas nunca ao ponto de me desvairar,
Me entorpecer

As vezes penso em falar com aquela garota
Mas logo desisto,
Tenho medo, não sei de que,
Mas tenho medo.

Talvez insegurança,
Por não saber amar,
Talvez eu não ame da maneira correta,
Não a satisfaça, a faça sofrer ou sofra.

Não sei até quando viverei assim,
Nem sei se ainda estou vivendo.


PS:
Esse foi meu primeiro poema, não é bem meu forte, mas ficou legal.